Ser coxo na vida

Acho que eu nasci mesmo, assim como o poeta mineiro, para ser coxo na vida. Pior que esse destino está todo forjado nas minhas próprias escolhas. Primeiro escolhi um ofício difícil no qual é necessário que se tenha esperança. Não estou sendo demagógica estou só procurando poesia como procuro em tudo na vida. Ora, se a gente não ver um pouco de beleza mesmo na tristeza, qual o sentido? Acho que nem sempre sou o fio condutor de nenhuma das tramas em que estou inserida, talvez seja só mais um fio, mas prefiro pensar que sou um fio colorido, de um material diferente de uma textura diferente. Talvez nessa trama tenham muitos fios diferentes uns dos outros, fios coloridos, de um material diferente de textura diferente, que fazem a trama ficar mais colorida, mais poética. Será que o segredo é parar de buscar sentidos? Vou jogar fora todos os livros da estante e queimar todos os dogmas que a alto custo carrego debaixo do braço. Meu unico ofício é o da esperança e meu único compromisso é com a poesia. Talvez tudo se resuma em: não sei o que está por vir, talvez essa seja a grande beleza.