O amor quer abraçar e não pode.
A multidão em volta,
com seus olhos cediços,
põe caco no muro
para o amor desistir.
O amor usa o correio,
o correio trapaceia,
a carta não chega,
o amor fica sem saber se é ou não é.
O amor pega o cavalo,
desembarca do trem,
chega na porta cansado,
de tanto caminhar a pé.
Fala a palavra açucena,
pede água, bebe café,
dorme na sua presença,
chupa bala de hortelã.
Tudo manha, truque, engenho:
é descuidar o amor te pega,
te come, te molha todo.
Mas água o amor não é.
Adélia Prado
domingo, 4 de outubro de 2009
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o amor também é miudinho...rs
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